Uma tarde de muito trabalho, reconhecimento e emoção. Assim foi o encontro das equipes do Ministério da Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio), do Adolescentro Paulo Freire e da Rede de Adolescentes e Jovens Promotores da Saúde (RAP da Saúde), na última a sexta-feira, dia 06 de junho. As consultoras do Ministério da Saúde, Maria Helena Ruzany e Maria Ignez Saito, estiveram no Rio para visitar o Espaço Jovem Adolescentro Paulo Freire, da Clínica da Família Rinaldo de Lamare, em São Conrado, e o RAP da Saúde – projeto da Superintendência de Promoção da Saúde da SMS-Rio desenvolvido em convênio com o Centro de Promoção da Saúde (CEDAPS). As duas experiências participam da etapa final do processo seletivo do Laboratório de Inovação em Boas Práticas na Saúde de Adolescentes e Jovens, recentemente lançado pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Pan Americana de Saúde (Opas).
Maria Ignez Saito, à esquerda, e Maria Helena Ruzany, à direita, consultoras do Ministério da Saúde, participam de dinâmica do RAP da Saúde sobre gentileza no namoro, no Adolescentro Paulo Freire (foto: Cristiane Lima)
“A proposta dos Laboratórios de Inovação em Boas Prática na Saúde é reconhecer e dar visibilidade a experiências exitosas da Saúde, que realmente estão dando certo. As primeiras edições do edital contemplaram os temas da Atenção Básica e da Obesidade, na tentativa de compreender como algumas iniciativas estão dando conta de problemas tão complexos. Agora é a vez da Saúde do Adolescente e do Jovem. Sabemos que esta é uma faixa etária difícil de se trabalhar, que não há um esforço político central bem organizado e que muitos profissionais enxergam o jovem e o adolescente apenas como problema. Por isso, precisamos conhecer e compartilhar as experiências de sucesso na área”, apresenta Maria Helena.
A concorrência para seleção das experiências que vão compor o Laboratório de Inovação em Boas Práticas na Saúde de Adolescentes e Jovens é grande: a primeira fase, de avaliação dos resumos submetidos pela internet, contemplou 90 candidatos de todo o país. Destes, 32 grupos foram chamados para se apresentar em Brasília – dentre eles, o RAP da Saúde, que também promoveu uma oficina na IV Mostra da Saúde da Família, em março. E, das 32 experiências apresentadas em Brasília, 18 vão receber a visita de Maria Helena e Maria Ignez.
Viviane Manso Castello Branco e a equipe do RAP da Saúde, na IV Mostra Nacional da Saúde da Família, em Brasília (foto: Portal da Inovação da Gestão no SUS)
“Muitas experiências que não foram selecionadas são realmente promissoras, mas ainda estão em fase preliminar, sem resultados. Também é importante reconhecer essas iniciativas, mas neste momento estamos buscando experiências que já tenham resultados concretos. A ideia é prestigiar as experiências mais exitosas em Saúde do Adolescente e do Jovem e, também, o Sistema Único de Saúde (SUS) – a rede que tanto precisa se esforçar para realizar trabalhos inovadores, que fazem a diferença, apesar de todas as dificuldades.”, aponta Maria Ignez Saito.
“Esse reconhecimento coroa o esforço conjunto de profissionais de saúde, jovens e adolescentes que há muitos anos vêm apostando na capacidade dos jovens cariocas e se dedicando ao Adolescentro Paulo Freire e ao RAP da Saúde. São muitos desafios e o reconhecimento do Laboratório de Inovação em Boas Práticas na Saúde de Adolescentes e Jovens nos dá ainda mais força para continuar”, avalia a coordenadora do RAP da Saúde, Viviane Manso Castello Branco, coordenadora de Políticas e Ações Intersetoriais da Superintendência de Promoção da Saúde da SMS-Rio.
Protagonismo juvenil e promoção da saúde
Durante a visita, Maria Helena e Maria Ignez conversaram com a equipe do Adolescentro Paulo Freire, que há dez anos desenvolve ações de prevenção, promoção e assistência à saúde de jovens e adolescentes. A gerente da Clínica da Família Rinaldo de Lamare, Janne Ruth Nunes Nogueira, avalia que o trabalho do Adolescentro Paulo Freire e do RAP da Saúde tem sido fundamental para contemplar os jovens e adolescentes que chegam à unidade de saúde.
Gentileza no Namoro: jovens e adolescentes promotores da saúde promovem a dinâmica do Cardápio do Amor, em que o participante escolhe uma gentileza para receber (foto: Cristiane Lima)
“O RAP da Saúde é um grande parceiro da Clínica da Família Rinaldo de Lamare. Juntos, conseguimos planejar ações que atendem às necessidades identificadas aqui na unidade de saúde e, também, as demandas colhidas na comunidade, através do trabalho dos jovens e adolescentes no território”, conta a gerente da Clínica da Família Rinaldo de Lamare.
Janne destaca que os jovens e adolescentes promotores da saúde também atuam em estreita parceria com agentes comunitários de saúde e outros profissionais de saúde que percorrem o território. “Trabalhamos com um planejamento semanal conjunto para o RAP da Saúde e a Clínica da Família Rnaldo de Lamare. Dessa forma, estamos conseguindo, aos poucos, incluir os jovens e adolescentes promotores da saúde na rotina da unidade de saúde. Isso acontece, principalmente, nas reuniões semanais da Equipe de Saúde da Família: médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e, agora, os jovens e adolescentes promotores da saúde.Nesses encontros, são discutidas desde estratégias para abordar temas considerados complexos, como sexualidade e violência doméstica, até ações específicas para os beneficiários do Bolsa Família e do Cartão Família Carioca. E as contribuições do RAP da Saúde são sempre preciosas”, aponta Janne.
Mônica Alegre, diretora do Adolescentro Paulo Freire, mostra a linha do tempo do espaço dedicado ao protagonismo juvenil (foto: Cristiane Lima)
Maria Helena e Maria Ignez também conversaram diretamente com os jovens e adolescentes integrantes do RAP da Saúde. “Neste processo seletivo para o Laboratório de Inovação em Boas Práticas na Saúde de Adolescentes e Jovens, as visitas são fundamentais para nós conhecermos os locais, conversarmos com as pessoas e, sobretudo, com os jovens e adolescentes – os protagonistas desta história”, considera Maria Ignez.
Seguindo esta lógica, jovens e adolescentes das oito equipes territoriais do RAP da Saúde apresentaram os destaques do trabalho que desenvolvem nas unidades de saúde, escolas e comunidades em que o projeto atua. Um depoimento especial foi o do jovem Luciano Correa Vieira, de 23 anos, que hoje atua como bolsista do Espaço Jovem Adolescente Paulo Freire, em grande interface com as ações do RAP da Saúde – projeto com o qual está envolvido desde os 16 anos. “Para o jovem e o adolescente, o Adolescentro Paulo Freire é mais que uma unidade de saúde. Mais que vir buscar um remédio ou um tratamento para uma doença, sabemos aqui temos voz, somos ouvidos e recebemos atenção e carinho. E é isso o que faz toda a diferença”, reconhece Luciano.
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